Não que eu não goste do teu olhar,
ou não valorize o que há nele envolto.
Mas de bem mais peculiar,
sou de querê-lo é por como ele olha,
por como ele aponta na coisa vista.
E de evazivo ver sem olhar.
E de fugidio quase nem mira.
Dar respostas prum eu mais tolo.
Dar perguntas prum eu menino.
E por comportar ora um, ora outro,
acabo por cometer um mesmo delito:
achar que amo só pelo olho,
querer como se já tivesse tido.
O que é que cabe no teu olho?
Quão pouco me diz? tão muito que eu digo!
Talvez nada veja e eu aqui suspiro.
Talvez faço-lhe grande mas se quer lhe existo.
Mas tão quero que seja, que é sem ser.
E nunca paro e penso que eu não quero ver
que eu vejo muito mais Eu
do que propriamente Você.